quinta-feira, 22 de setembro de 2011

JOGO PATOLÓGICO - Impulsividade e Jogos de azar



A impulsividade é um traço de personalidade presente em maior ou menor grau em todas as pessoas. Ela engloba características como espontaneidade, criatividade, irreverência, rapidez de resposta, precipitação e desorganização. Em Psiquiatria, impulsividade tem sido relacionada com transtornos do comportamento caracterizados por instabilidade afetiva e dificuldades em: sustentar atenção, reconhecer e se conduzir de acordo com regras sociais, tolerar o adiamento de uma gratificação, controlar impulsos agressivos.
Apesar de ser uma característica central em vários diagnósticos, impulsividade não recebeu grande atenção da Psiquiatria até o final da década de 80 e princípio dos anos 90. Neste período, a Associação Norte-Americana de Psiquiatria publicou sua revisão da terceira edição do Manual Estatístico e Diagnóstico, DSM-III-R, que melhorou e ampliou a descrição de síndromes impulsivas classificadas na seção Transtornos do Controle do Impulso. Os transtornos incluídos nesta seção apresentavam em comum fracasso em resistir a um impulso perigoso para a própria pessoa ou para outros, tensão crescente ou excitação antes de cometer o ato impulsivo e alívio após sua realização. Arrependimento, auto-recriminação ou culpa são sentimentos que resultam frequentemente destes comportamentos. A seção inclui os seguintes diagnósticos: Transtorno Explosivo Intermitente, Cleptomania, Piromania, Jogo Patológico e Tricotilomania.
Dentre estes diagnósticos, Jogo Patológico tem recebido mais atenção, provavelmente por uma combinação de fatores: 1) fazer apostas é um comportamento bastante popular, mesmo entre pessoas que não apresentam problemas com isso; 2) a compulsão por jogo pode ter conseqüências devastadoras para o indivíduo e sua família; 3) jogos de azar são uma faca de dois gumes, de um lado podem auxiliar no desenvolvimento de uma indústria do entretenimento e aumentar a arrecadação de impostos, de outro pode facilitar lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e financiamento indireto do crime. Do ponto de vista subjetivo, a dependência de apostas é o que causa mais fascínio seja no clínico, ou no leigo. O primeiro contato com um jogador compulsivo marca porque observamos naquele indivíduo todas as marcas da dependência.
Mas o senso comum nos diz que estes comportamentos são causados pelo uso repetitivo de uma substância química. Onde estaria a “droga” do jogo? A resposta um tanto simplificada seria na aposta. O jogador tornou-se um dependente da excitação causada pelo ato de arriscar dinheiro ou outra forma valor. Somente esta sensação já basta para envolvê-lo, se em seguida ao ato de apostar, ele conseguir resgatar o prêmio – tanto melhor. Muitos jogadores compulsivos relatam uma grande vitória no começo do envolvimento com jogo, ou um período inicial particularmente lucrativo. Com o passar do tempo o acaso trata de equilibrar ganhos e perdas e o jogador aumenta o valor das apostas tentando experimentar novamente o prazer mais intenso dos primeiros dias felizes de jogatina. As dívidas começam a se acumular. Tentando reverter o quadro, o jogador aumenta ainda mais as apostas para recuperar o dinheiro perdido.
Os problemas se acumulam: atrasos de pagamento, reclamações da família, do empregador, dificuldade de concentração e esgotamento em virtude de noites sem sono na frente de uma máquina ou mesa de carteado. Às vezes, o dinheiro acaba, ou a família intervém forçando o jogador a interromper as apostas. Esta abstinência forçada causa inquietação, angústia e mais vontade de apostar. O jogador, então, toma dinheiro emprestado escondido, mente e reinicia este comportamento circular numa espiral descendente.

Mas por que algumas pessoas farão apostas de vez em quando e não terão qualquer problema com isso e outras se tornarão compulsivas?Quais seriam os fatores de risco? As investigações neste campo ainda são iniciais, mas algumas características foram descritas como mais comuns em jogadores compulsivos: abuso emocional ou abandono na infância, ser portador de outros transtornos emocionais e psiquiátricos e ter história familiar de dependência química ou de jogo na família. Parece haver um componente genético inegável nesta associação familiar entre jogo e dependência química. A grande questão é o que está sendo transmitido pelos genes.
Certamente não é a doença, pois a mesma depende de contato com fatores externos para se desenvolver, então acredita-se que seja um fator de vulnerabilidade que pode se manifestar, ou não, dependendo da história do sujeito. O próximo passo, então, é saber se tal vulnerabilidade pode ser identificada previamente por meio de exame ou observação direta. As pesquisas nesta área ainda não produziram resultados generalizáveis, contudo estudos de seguimento de adolescentes identificaram a impulsividade como um dos fatores determinantes de envolvimento progressivo com jogos de azar. O que nos leva de volta ao princípio deste texto. Impulsividade é um traço de personalidade em parte determinada por fatores genéticos.
Assim como outras características de personalidade, ela não é necessariamente negativa ou positiva, se de um lado ela combina espontaneidade e criatividade, de outro ela pode se manifestar como reações impensadas que privilegiam a chance de um ganho imediato, apesar do risco de conseqüências tardias mais graves. Quando somos crianças e adolescentes a responsabilidade é de nossos pais e tutores. Porém, o controle deve ser transferido progressivamente, de forma que, uma vez adultos e conhecedores de nossa herança e nossa história, caiba a nós a tarefa de equilibrar fragilidade e potencial para conseguir da vida o que ela tem de melhor e ser feliz.
Traduzindo na prática: lembre que apostar pode causar dependência, se ao jogar você perde o controle com freqüência talvez seja aconselhável não se envolver mais com apostas e se um problema com jogo já existir deixe de lado o orgulho, medo, ou vergonha e procure tratamento.
Dr. Hermano Tavares

Por que as pessoas são viciadas em jogos de azar?

Passar o dia no bingo, horas na internet nos sites de poker online, comprometer o orçamento da família para fazer apostas e mesmo assim não se sentir satisfeito. Quanto mais perde, mais quer jogar. Esse círculo vicioso reflete um jogador compulsivo em cena.

Algumas pessoas que são convidadas a participar de uma reunião com a pratica de jogos pode dar início a um processo viciante. Isso porque, segundo a psicanalista Márcia Tolotti, para que uma pessoa consiga identificar o que interfere positiva ou negativamente em sua vida, é fundamental saber que a mente não obedece apenas aquilo que cada um quer. A especialista diz que a mente pode ser comparada a um iceberg, o que está submerso é o inconsciente, muito mais potente e grandioso. “Assim como o iceberg, o psiquismo é um só, porém cada parte possui uma força independente e, na maioria das vezes, contrária”, afirma.

Os jogos tidos como de azar é uma arte que pode ser simplesmente apreciada. Porém, podem se transformar em compulsão. De acordo com o Psiquiatra Hermano Tavares, em entrevista a Folha Online, o que diferencia o jogador compulsivo daquele que tem o hábito de jogar é a vontade de recuperar o que perdeu. “Quando a pessoa tenta jogar para recuperar o que perdeu em apostas anteriores, o jogo perdeu a dimensão do lazer. É aquele arrependimento. Por que o jogador acha que tem de recuperar? O bingo deixou de ser lazer para ser outra coisa.”

Hermano Tavares é presidente da Anjoti, Associação Nacional do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso. Para ele, os profissionais de saúde devem encarar o vício no jogo como um problema tão sério quanto a bebida e o cigarro. Uma vez que o vício é identificado o melhor a ser feito é encaminhar o paciente para tratamento adequado.

E a compulsão por jogos de azar esta presente, cada vez mais, na vida dos jovens. Uma estatística preocupante. De acordo com Tavares, 6% de adolescentes já estão envolvidos com jogos de azar. “Se estes 6% entrarem na vida adulta com a marca do jogo compulsivo será um problema com impacto inevitável na vida social e financeira do país. Mas não precisa ser assim, neste caso a informação é a grande arma. A população precisa saber: JOGO DE AZAR PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA E NÃO É PERMITIDO PARA MENORES DE 18 ANOS”, afirma Tavares no site da associação.

Confira um dos artigos do Dr. Hermano Tavares sobre o tema.

Enquete da Semana


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A legalização dos jogos no Brasil

          No Brasil atualmente os jogos são proibidos, o governos alega que o jogo exige uma estrutura de fiscalização de que o país não dispõe, vicia e atrai a corrupção. A Organização Mundial do Turismo e formada por 108 países, e somente em dois é considerado ilegal a jogatina: Brasil e Cuba.   A legalização é uma discussão antiga, que vem desde o Decreto-Lei n° 9.125, de 30 de abril de 1946 que tornou a jogatina ilegal.  Atualmente existem políticos contra e a favor da legalização do jogo no Brasil.

          As justificativas de ser contra a legalização são que os jogos são muito difíceis de se regular, pois normalmente os donos das casas são laranjas e quando se consegue comprovar uma irregularidade relacionado aos impostos sonegados em uma casa de jogo, a empresa fecha e logo depois abre em outro lugar. Outro motivo é que as casas trabalham com produtos contrabandeados e, sendo assim, muitas vezes conseguem manipular a sorte do cliente. Além desses motivos, eles consideram que os jogos de azar condenam as condições morais e religiosas das pessoas.

          O Governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral é a favor da legalização dos jogos de azar, pois considera uma possível fonte de renda para a saúde pública.“Eu acho que o jogo no Brasil, se aberto e legalizado, poderia ser uma fonte de financiamento importante para tanta coisa. Inclusive para saúde. Não se fala tanto em financiamento de saúde? Eu lamento que no Brasil a gente não possa modificar isso e ter jogos legalizados, organizados, controlados e com dinheiro bem aplicado”, disse o governador. Sergio Cabral sugere que a fiscalização e controle dos jogos, funcione nos moldes de outros países em que a jogatina é legalizada.

Entrevista com Olga Câmara

 Olga Câmara, ex-Diretora do Ministério da Justiça, ex-Diretora Geral da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Pernambuco, fala sobrea fiscalização dos jogos.


Arquivo Blog aninhacamelo

Apostando Tudo: As pessoas que frequentam salões de jogos de azar denunciam a atividade à polícia?

Olga Câmara:  Não porque elas têm interesse de manter os salões em funcionamento.

AP: Alguém da família toma alguma inciativa junto à polícia?

OC: Os familiares, sim, porque os usuários de jogos de azar subtraem valores dos familiares para poder atender ao vício.

AP: Por que a polícia não fecha os salões de jogos de azar?

OC: Porque há uma tolerância da lei.

AP: As pessoas que jogam pertencem a qual classe social?

OC: Elas têm muita influência na sociedade.

AP: Por onde começar alguma ação contra os jogos de azar?

OC: No poder legislativo.

AP: Por que?

OC: Para que o poder executivo tenha legislação abrangente sobre jogos de azar, o que não acontece no momento.

Debate sobre a legalização do jogo

Debate no programa "Na Redação" da TV UFMG sobre a legalização dos jogos de bingos no Brasil, com a participação do Deputado Estadual Alencar da Silveira Jr. e o médico psiquiatra foresen Dr. Paulo Roberto Repsold.



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

História dos jogos

Quando a espécie humana surgiu no planeta, nasceu junto a ela uma necessidade vital para seu crescimento intelectual, o de jogar. Boa parte dos jogos de apostas dos cassinos norte-americanos veio de outros países. Ao contrário do que muitos pensam, os jogos de azar não tiveram origem nos Estados Unidos. Os vestígios dos primeiros jogos se perdem na história da humanidade. Apesar de todas as dificuldades, os jogos proliferaram pelo mundo e, com o advento das grandes navegações, as culturas se encontraram e trocaram informações, tendo sido nesta época criadas as primeiras empresas de exportação de jogos, passo fundamental para o crescimento do setor. Livros históricos dão conta de que marinheiros jogavam diversos tipos de jogos de tabuleiro em suas demoradas viagens rumo ao desconhecido.


Os cassinos brasileiros surgiram durante o período do Brasil império e só foram ser proibidos pela primeira vez com a consolidação da república, em 1917. Em 1934, os jogos foram, entã,o mais uma vez permitidos por Getúlio Vargas. O motivo da segunda proibição - a de 1946 - era que a exploração do jogo de azar ia contra os princípios morais. Os 12 anos que se passaram entre 1934 até 1946 foram conhecidos como a era de ouro dos cassinos. Neste período, os cassinos se multiplicaram rapidamente, criando milhares de empregos e servindo como atrativo turístico.


Segundo publicação da Revista Veja, os brasileiros são os campeões mundiais em jogos de azar. E os jogos são praticados em diversas modalidades. O presidente da Igreja de Jesus Cristo Gordon B. Hinckley alerta que os jogos de azar podem ser encontrados em quase toda parte e estão crescendo. “As pessoas jogam pôquer, apostam em corridas de cavalos, jogam roleta e usam máquinas caça-níqueis. Reúnem-se em bares, salões e cassinos, e muito freqüentemente em suas próprias casas. Muitos não conseguem parar. O jogo vicia. Em muitos casos ele conduz a outras práticas e hábitos destrutivos”, conclui Hinckley.